Luiz Cabrine / Valor Comunica
JANAÚBA – Em uma decisão marcada por forte embate político e equilíbrio de forças no plenário, a Câmara Municipal de Janaúba decidiu, na noite de segunda-feira, 19 de maio, pela continuidade da investigação contra o vereador Wiris Carlos Lopes (MDB). A apuração gira em torno de suposto favorecimento irregular na concessão de gratificações e horas extras durante o período em que o parlamentar presidiu o Legislativo local, em 2024.
A denúncia foi apresentada pelo primeiro suplente do partido, Gildo Aparecido Alves de Souza (Gil do Quem Quem) (MDB), que alega que as gratificações teriam sido concedidas a servidores comissionados durante o recesso parlamentar e o período eleitoral, o que poderia ter influenciado diretamente no resultado da eleição municipal.
Comissão Processante
A Comissão Processante, responsável pela análise preliminar do caso, havia emitido parecer recomendando o arquivamento da denúncia, por dois votos a um, alegando vício de origem na escolha dos integrantes da própria comissão. No entanto, ao ser submetido ao plenário, o relatório enfrentou forte resistência. O placar ficou empatado em 7 a 7, e o voto de minerva do presidente da Casa, vereador Sargento Almir Santos, foi decisivo para a manutenção da apuração.
Com o desdobramento, o vereador Wiris Lopes fica afastado temporariamente de suas funções durante as votações relacionadas ao processo de investigação, conforme determina o rito legal. Neste caso, sua vaga passa a ser ocupada pelo ex-vereador Adauri Soares Cordeiro (MDB), segundo suplente do partido, uma vez que o denunciante – primeiro suplente – está legalmente impedido de participar da tramitação por ser parte interessada no processo.
Placar dividido evidencia tensão política
Votaram pela continuidade da investigação os vereadores Américo Soares, Augusto Wagner, Samuel Caires, Hugo Caires, Valdeir dos Santos (Valdeir do Leilão), José Tarcísio Mendes e Gilberto Dias Neves. Já os parlamentares Arlindo da Farmácia, Bruno Henrique (Bruno de Cabedal), Lucas Fernandes, Paulo César (Paulinho do DG), Maria Aparecida (Relatora da Comissão Processante), João Pereira (João da Ambulância) e Adauri Cordeiro foram favoráveis ao não andamento da denúncia.
Com a decisão, a Comissão Processante seguirá com as oitivas, ouvindo o denunciante, o vereador denunciado e as possíveis testemunhas indicadas. Ao fim da instrução, será elaborado um novo parecer, que voltará ao plenário para votação final pelos vereadores.
Defesa
Em manifestação, na Comissão Processante e ao portal de notícias Valor Comunica, o vereador Wiris Lopes sustentou que as gratificações e horas extras foram concedidas com base na legislação vigente, e que a prática já era adotada pela Câmara em exercícios anteriores e segue, atualmente. “Não fiz nada de errado”, sustentou o vereador, dando ênfase à legalidade dos seus atos.
Ainda de acordo com Lopes, mesmo se tivesse cometido crime, este seria eleitoral e já estaria prescrito. Ele também alegou que, neste caso, a competência para atuar é da Justiça Eleitoral e não da Câmara.
Fala do denunciante
O portal Valor Comunica ouviu também o autor da denúncia contra o vereador Wires Carlos. Segundo Gildo Aparecido Alves de Souza, a Câmara atuou corretamente ao votar pelo prosseguimento da denúncia. Disse que o processo deve tramitar com cautela para não prejudicar o vereador investigado. Ele afirmou, que espera que a Casa de Leis tome as devidas providências, caso haja a devida comprovação das supostas irregularidades.
Contas de campanha
Em relação às suas contas de campanha, informou que houve falha na prestação por parte do jurídico da campanha, mas nada grave, e que segue apto para assumir a cadeira no Legislativo diante de uma possível cassação do mandato do vereador Wires.
A presidência da Câmara reiterou, por meio do vereador Almir, o compromisso da instituição com a legalidade, a transparência e o respeito ao devido processo legal. Defendeu o direito de defesa do denunciado, a imparcialidade na condução dos trabalhos para o esclarecimento da denúncia.
